Uma breve análise de Westworld

Dolores Abernathy
Por Caroline Benigno Cardoso | 3 de jul. de 2020 | Séries | comentário(s)

[Contém Spoilers de forma mais ampla, nada muito específico]

A série da HBO retrata um parque de diversões do futuro com temática de velho oeste, no qual os visitantes são recebidos por anfitriões, robôs que apresentam grande semelhança física com os humanos, mas que são programados para seguir sempre o mesmo roteiro predeterminado.

A primeira temporada demonstra o contexto do parque Westworld. Os anfitriões possuem uma motivação central, que os fazem seguir sempre no mesmo eixo do seu roteiro, assim como emoções e a expressão destas, criadas para se tornarem mais próximos da experiência humana. No início, os anfitriões possuem códigos de segurança que impedem que façam mal a algum visitante humano. No entanto, um dos criadores dos robôs achou que seria interessante que eles tivessem algum nível de improvisação, o que modificaria sutilmente o seu comportamento, tornando-o mais próximo do natural.

No parque, os ricos visitantes são autorizados a realizarem todos os seus desejos, sem qualquer tipo de punição. Assim, logo se espera muito sangue e perversões sem nenhuma culpa, já que não se está fazendo mal à “alguém”. Os anfitriões que “morrem” são recolhidos e consertados, tendo sua memória apagada em um “sono profundo e sem sonhos”. Depois, são devolvidos para viverem mais um dia em seu papel atual, mas podem também ser reprogramados, mudando de personagem, ou podem ser levados ao depósito onde ficarão para sempre.

Contudo, em suas inúmeras mortes e violências, os anfitriões sentem e sofrem. Como era de se esperar, alguns começam a se lembrar de suas vidas atuais e também de papéis anteriores que já viveram. E começam a apresentar pequenas mudanças no seu código. Daí já se pode prever a revolução, certo?

O foco da segunda temporada é a revolução dos anfitriões, que é motivada pela vontade de não terem suas vidas escritas por terceiros e a revolta tem um sabor de vingança por todo o sofrimento que os humanos lhes fizeram passar.

Aparecem figuras femininas fortes, que lideram a rebelião, cada uma com seus objetivos e métodos – Dolores, que demonstra desejo de vingança e de dominar o mundo dos humanos, e Maeve, que busca por liberdade e quer achar sua filha, que ficou para trás em outro roteiro.

Durante o massacre protagonizado pelos anfitriões em Westworld, ainda na segunda temporada, descobre-se que o grande valor da empresa que administra o parque está nos registros das escolhas de todos os visitantes que lá estiveram. Assim, seria possível determinar as vontades mais profundas e puras, o nível de violência e depravação de cada visitante.

Na terceira temporada, alguns anfitriões alcançam o “mundo real”, percebendo o quão fictício este pode ser. Todos vivem em uma sociedade futurista, onde os dados pessoais são altamente controlados e determinam as chances de sucesso, risco de mortalidade e, assim, determinam e o futuro de cada um. As anfitriãs percebem o quanto os humanos também não são livres e como sua história fica presa às recomendações de uma Inteligência Artificial.

Cada temporada traz diversos temas para pensarmos sobre comportamento humano e tomada de decisão. Pretendo voltar a escrever sobre outros pontos da série de maneira mais detalhada.